A cidade de Bertioga é modelo em boas práticas de educação ambiental

As ações de conscientização sobre a preservação do meio ambiente, em Bertioga, inclui estudantes, profissionais de várias áreas, moradores e visitantes.


Suely Ramos

14.08.2021
Canal de Bertioga e Forte São João — Crédito: Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura de Bertioga

A estância balneária de Bertioga é um município do Litoral Sul de São Paulo e está a 110 km da capital. Com uma população em torno de 60 mil pessoas, possui cerca de 80 por cento de seu território coberto por vegetação nativa da Mata Atlântica. Os rios Itaguaré, Guaratuba e Itapanhaú fazem parte de sua bacia hidrográfica, uma das maiores da Baixada Santista. A cidade se destaca pelo turismo de aventura, ecoturismo e o turismo histórico. São 33 km de praia, sendo as principais Boracéia, São Lourenço, Indaiá, Enseada, Guaratuba e Itaguaré. O turismo histórico conta com o Forte São João, fundado em 1547 e considerado como a primeira fortificação do Brasil, a Aldeia Guarani Rio Silveira, que abriga 500 indígenas guaranis e a Vila de Itatinga com 70 casas construídas pelos ingleses em 1910, ao pé da Serra do Mar, para abrigar os funcionários da Usina Hidrelétrica de mesmo nome. Na região merecem destaque o Parque Estadual da Serra do Mar e o Parque Restinga de Bertioga. A Colônia de férias do SESC também é referência na cidade. O município investe em ações importantes na Educação Ambiental, para conscientizar sua população sobre a preservação do meio ambiente, no conhecimento e defesa de sua biodiversidade.

1- Forte São João, 2- Praia da Enseada, 3- Aldeia Guarani Rio Silveira —Crédito: Commons wikimedia

O Centro de Educação Ambiental — CEA de Bertioga

A Secretaria do Meio Ambiente de Bertioga tem sob sua coordenação o Centro de Educação Ambiental (CEA). O CEA tem sua sede provisória no Viveiro Municipal de Plantas “Seo” Leo, atual núcleo de educação ambiental, enquanto sua sede definitiva está sendo construída num terreno ao lado. O núcleo, sob a coordenação de Mylene Lyra, atende vários públicos durante o ano, entre eles estudantes, professores e visitantes, em geral. Fui recebida pelas estagiárias (biólogas), Joana Lima de Moraes e Thaís Rabello dos Santos, que disponibilizaram várias informações sobre o trabalho no Viveiro. Segundo elas, o CEA conta com 10 estagiários no trabalho de formação no núcleo. Destacaram que a preocupação com a coleta seletiva e o descarte consciente é uma das preocupações do setor e para sua efetivação são distribuídos sacos plásticos pela cidade, com as cores distintas para o recolhimento de cada tipo de resíduo. As ações de Educação Ambiental ocorrem no CEA sendo preparado para os alunos do Ensino Infantil e do 1.º ano do Ensino Fundamental o tema: A Mata Atlântica e o ser humano. Os estudantes visitam o mini museu com diversos animais empalhados, um roteiro no viveiro como “O caminho das abelhas”, para conhecerem as espécies de abelhas nativas brasileiras sem ferrão, e “A polinização”. Para as turmas do EJA (Ensino de Jovens e Adultos) é realizado o Cine-Viveiro, com apresentações de filmes e debates. Em janeiro e julho é oferecido o curso de férias de uma semana, com diversas atividades práticas, aos alunos da região. A formação continuada de professores sobre Educação Ambiental, também ocorre no CEA, exceto neste período, que está ocorrendo on-line, devido à pandemia de Covid-19. Esse ano o curso oferecido é sobre a gestão de resíduos sólidos e os professores devem desenvolver projetos sobre o tema, na escola.

As diversas formações no Viveiro Municipal de Plantas “Seo” Leo — Crédito: CEA (Bertioga)

Joana e Thaís informaram que a Prefeitura elaborou uma cartilha educativa sobre Logística Reversa, para a população. Esse material foi baseado na Política Nacional de Resíduos Sólidos e pode ser acessada pelo link http://www.bertioga.sp.gov.br/logisticareversa/

Entende-se por Logística Reversa “um conjunto de ações e estratégias que visa o descarte correto de resíduos sólidos, retornando-os aos fabricantes para reaproveitamento ou destinação final correta”.(…) Entre os resíduos destacam-se pneus inservíveis, lâmpadas, medicamentos vencidos ou em desuso, eletroeletrônicos, óleo comestível, pilhas e baterias, e óleos lubrificantes”.

Escola Barco Arca do Saber

Aulas no Barco escola arca do Saber — Crédito CEA (Bertioga)

Uma atividade interessante do CEA são as aulas oferecidas no Barco Escola Arca do Saber, com capacidade para 36 pessoas, que atende alunos das escolas públicas (grátis) e visitantes. Em duas horas de aula, o barco percorre vários pontos históricos e de interesse para as questões sócio-ambientais, da biodiversidade local e preservação do meio ambiente. Também, é de grande relevância para o público, o estudo-do-meio realizado num manguezal.

Arborização urbana

Crédito: Secretaria do Meio Ambiente de Bertioga

Para estimular a arborização urbana, a Secretaria do Meio Ambiente lançou o programa “Adote uma árvore”. Os moradores podem retirar mudas de plantas da Mata Atlântica, no Viveiro de Plantas, bastando apresentar um documento com foto e comprovação de endereço. Os técnicos analisam e aconselham sobre o tipo e o melhor local do plantio. Nas ações sustentáveis em relação à preservação do meio ambiente, vale à pena citar o replantio de mudas de árvores, para substituir as que são arrancadas por conta de intempéries como ventos fortes e temporais.

Cambuci — um fruto e o despertar da consciência ecológica

Fruta cambuci — Crédito: commons wikimedia

A Secretaria do Meio Ambiente de Bertioga realiza desde 2014, em parceria com o SESC e Produtores de Cambuci, o Festival da Mata Atlântica. O evento acontece, durante uma semana, no primeiro semestre do ano, no Parque dos Tupiniquins, situado próximo ao Forte São João. O astro principal é um fruto — o cambuci, nativo da Mata Atlântica e os objetivos das festividades são de estimular seu cultivo para conservar as matas, aumentar o consumo e gerar renda para os seus produtores. A população pode participar de oficinas sobre seu cultivo e degustação de pratos especiais com a fruta. Há, também, apresentação de grupos musicais, exposições de artesanato e fotografias destacando a biodiversidade da cidade.

6ª Edição do Festival da Mata Atlântica (2019) — crédito: Facebook

Educação para o desenvolvimento Sustentável — EDS

De 17 a 19 de maio de 2021 ocorreu uma Conferência Mundial, organizada pela UNESCO em cooperação com o Ministério Federal de Educação e Pesquisa da Alemanha. Neste evento online, mais de 80 ministros e vice-ministros e quase 3 mil educadores, preocupados com a preservação do meio ambiente, se comprometeram a tomar medidas concretas para tornar a Educação Ambiental como componente curricular básico, em todos os níveis, até 2025. Ao analisar os planos e currículos de 50 países, a UNESCO descobriu que mais da metade não fazia referência às mudanças climáticas e a biodiversidade só aparecia em 19% deste material. No Brasil, a lei 9795/99 versa sobre a Educação Ambiental. No artigo 10º lê-se que “A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal”. No entanto, sua inclusão como disciplina específica do currículo, ainda não foi aprovada. Portanto, ao destacar a cidade de Bertioga como modelo de boas práticas em Educação Ambiental, estamos considerando que o município já está à frente de muitas propostas, inclusive internacionais, sobre este tema, apesar de ainda atuar na modalidade não formal.


Serviço:

1 — O agendamento de passeios no Barco Escola é feito diretamente com a equipe de Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Bertioga. O passeio é gratuito para escolas públicas. Contato Telefone: (13) 3317 4599. E-mail: barcoescolabertioga@gmail.com

2 — O Viveiro de Plantas ‘Seo’ Leo fica na Rua Manoel Gajo, 1080 — Centro Bertioga — Telefone (13 ) 3317–4599.

Saiba mais:

Site da Cidade de Bertioga

Bertioga - Turismo

SESC - Centro de Férias

YouTube - videos

Facebook - CEA Bertioga

Facebook - Viveiro de Plantas Seo Leo

Unesco declara que educação ambiental deve ser um componente curricular básico até 2025


Revisão ortográfica: Anne Preste


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