Por quê estudamos a lingua inglesa na educação básica e não aprendemos?


Estudantes após oito anos ou mais de aulas de inglês nas escolas, continuam sem aprender a língua.


Anaira Mafeoli

01.12.2021

Foto: Otavio Schimieguel e seu livro - Divulgação

O Brasil é composto por uma diversidade étnica maravilhosa, pessoas de todos os cantos do mundo vêm nos visitar e decidem ficar para sempre. O clima tropical, a cultura brasileira, a gastronomia diversificada, as maravilhas da natureza brasileira, o perfil d@s brasileir@s: povo caloroso, bonito, criativo, resiliente, inteligente e perseverante.

A Língua Inglesa se tornou obrigatória no currículo escolar básico. Entretanto, mesmo após oito anos da disciplina, alunos de escolas públicas e particulares precisam ingressar em um cursinho de inglês para ser fluente no idioma. Há várias razões pelas quais os alunos não aprendem, no caso específico do Inglês as principais razões, de acordo com o professor Otavio Schimieguel e autor do livro Indisciplina e Impunidade na Escola – por que professores estão adoecendo e alunos não estão aprendendo: “as condições sociais dos alunos de escola pública; a falta de materiais didáticos apropriados; a desmotivação dos alunos para a aprendizagem da Língua Inglesa devido à falta de perspectiva de utilização da mesma; a precariedade na formação dos professores da disciplina que, em muitos casos, não falam fluentemente a Língua Inglesa”. O autor ainda acrescenta que “a impossibilidade dos professores de Inglês fazerem um curso no exterior de aprofundamento também contribui, pois a formação é estritamente acadêmica, pouco prática, no sentido de conhecer a Língua Inglesa no lugar onde é utilizada em sua essência”.

Ao ser questionado sobre quais os pontos positivos e negativos de a Língua Inglesa ser futuramente nossa língua materna, pois se é a língua oficial internacional, abriria muitos caminhos de conhecimento e crescimento para os brasileiros. Segundo o professor, "colocaria o Brasil numa posição de subserviência em relação aos países em que além de ser a língua oficial materna é também a nativa”. O autor complementa que historicamente o “primeiro passo” para dominar um povo é impor a língua do dominador, como ocorreu no processo de colonização de muitos países.

O Professor argumenta que: nossa língua não é “nossa” propriamente, mas substituir uma língua consolidada e falada por mais de duzentos milhões de pessoas é algo quase utópico, pois, afinal, isso afetaria profundamente a nossa cultura; e a cultura não é algo que se possa mudar "artificialmente", ou seja, por imposição de lei.

O autor finaliza: “para muitos, a substituição do Português pelo Inglês como língua materna poderia significar "uma traição à Pátria", mas, para mim, esse não é um aspecto tão relevante. Afinal, sequer temos uma língua legitimamente "brasileira"... A não ser que falássemos o "tupi-guarani", como queria o personagem "Policarpo Quaresma", da obra "Triste fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, no início do século XX”.

De acordo com o autor “em muitos países, mesmo não tendo o Inglês como língua materna, os estudantes, quando concluem seus estudos, conseguem falar fluentemente essa segunda língua, o que significa que talvez não se trate de "substituir a língua materna pelo Inglês", e sim criar as condições sociais, motivacionais e pedagógicas para que os professores consigam ensinar e os alunos consigam aprender a Língua Inglesa, e assim, "abrir caminhos" e "diminuir o abismo entre os continentes".

Muitos estrangeiros vêm ao nosso país a trabalho, estudos, lazer e outros, nosso país tem uma diversidade de raça, cultura, gastronomia, personalidades, nas letras, ciências, artes, esportes, natureza inigualável etc. Sendo assim, pensar sobre uma educação de maior qualidade é um ponto estratégico para a evolução do país em todos os sentidos.


Revisão ortográfica: Leilaine Nogueira



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