SUS:

Temos de defender nosso Sistema Universal de Saúde

por Lala Évan

22.07.2020

Cada notícia é um compilado de fatos, e o foco aqui é apresentar alguns defensores de um legado chamado Sistema Único de Saúde — SUS, considerando que há princípios em sua base.

Princípios que nos dizem que a saúde é direito de todos e dever do Estado, como garante o texto constitucional brasileiro.

Um deles nos obriga a desdobrar este enunciado legal em princípios da universalidade do acesso, da integralidade do cuidado e equidade das ofertas, da descentralização da territorialização e da participação.

Em uma live realizada em 3 de junho, o Dr. Paulo Carrara, professor do Departamento de Saúde coletiva da faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Planejamento e Gestão em Saúde, detalha que o SUS veio com três pilares.

O primeiro pilar é o da Universalidade, que significa atingir todos os seres humanos; o segundo, da Integralidade, que enxerga os indivíduos integralmente; e, finalmente, o terceiro trata da Equidade, ou seja, da justiça social, que é entregar ao usuário exatamente o que ele está precisando.

Como exemplo, temos a fila de transplante, onde a fila que é única, e sempre funciona por necessidade e não por poder aquisitivo.

O jornalista João Paulo Charleau, do Nexus, em abril deste ano, divulgou que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que deve sua vida ao NHS (sigla em inglês do Sistema Nacional de Saúde), o equivalente britânico ao SUS (Sistema Único de Saúde) do Brasil.

“O NHS é o coração pulsante de nosso país. É o melhor que esse país tem. É invencível. É potencializado pelo amor”, disse Johnson num vídeo postado em suas redes sociais, depois de receber alta do hospital onde passou uma semana internado por causa do novo coronavírus, parte dela na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

E em 23 de maio, ouvimos em outra coletiva, agora com o médico sanitarista Gonçalo Vecina, trazendo um olhar para o SUS como algo encantador, fundamental, insubstituível, e que precisa ser mais bem financiado por um governo eficaz para pobres e ricos. Em um cenário pós-pandemia, poderíamos, a exemplo dos ingleses e canadenses que tiveram avanço nas experiências de reconstrução pós-doenças, de tratar este SUS fragmentado, fortalecendo-o Sistema universal de Saúde em conjunto com Vigilâncias Epidêmicas e Vigilância da Saúde, criando um único modelo de assistência integrada.

Não muito distante disso, ouvimos na coletiva de 20/6, o vereador Gilberto Natalini, que nos trouxe mais um dado — o de que o SUS é um sistema mal financiado e com uma má gestão. Afirmou ainda que a luta pela democracia de equidade social é manca, sempre em desequilíbrio.

E por fim, em 3 de julho, o vereador Police Neto fez uma retrospectiva de 32 anos de SUS, que nasceu com o propósito de salvar vidas, e era sabido que seria necessário ser fortalecido com recursos financeiros.

Porém, o SUS enfrenta problemas no contexto do capitalismo contemporâneo, e com o golpe em 2016 a barbárie se intensificou e até hoje está em curso. Um sistema que salva vidas não recebe estruturação social merecida.

Espero que com a compilação desses fatos você que está lendo possa avaliar se seria importante, a exemplo de Boris Johnson, nossos políticos e governantes manifestarem a mesma gratidão, usufruindo, junto com o povo brasileiro, do nosso SUS, que deveria ser digno da utilização por todos, porque ele é para todos.


Revisão: Maitê Ribeiro