Em São Paulo, contemplamos em um cenário repulsivo, as mazelas da desigualdade extrema, onde as noites para moradores de rua são em claro, e pedras não podem ser travesseiros; num cenário que já se apresentava caótico não saímos de projetos no papel, seja em rede hoteleira ou camping solidário.
É evidente que políticas de Assistência Social real, sem ideologias, deveriam marcar presença. Registros da Prefeitura de São Paulo divulgados em 31/01/2020 mostram o resultado do Censo da População em Situação de Rua 2019, feita pela empresa Qualitest Ciência e Tecnologia LTDA., em que 24.344 pessoas estavam em situação de rua na cidade de São Paulo.
Mas numa população de rua heterogênea, disponibilizar serviços temporários de acolhida não é solução.
Em entrevista coletiva para alunos do jornalismo do curso Repórter do Futuro transmitida pela TV Câmara, a vereadora Soninha Francine (Cidadania) explicou alguns projetos de Assistência Social para acolher moradores de rua do grupo de São Paulo, detalhando como seria o ideal, e mesmo em uma situação de pandemia e desigualdade social escancarada, São Paulo não se habilita sequer em um plano-piloto.
Um dos projetos parados é possível de realizar, em forma de barracas de camping, visto que na cidade de Salto/SP, com 104.688 habitantes, materializou-se este mesmo projeto, já sendo montada a estrutura, respeitando as condições de higiene, distanciamento e cuidados para evitar a contaminação pela Covid-19.
O local terá capacidade para atender até 30 pessoas, cada um com um abrigo (barraca) especifico, onde terão condições de cuidar da higiene pessoal, receberão alimentação e local para dormir. No dia seguinte, após receberem o café da manhã, o espaço será fechado e reabrirá diariamente às 18h.
A solidariedade se fez necessária numa velocidade pandêmica, tem de se tornar endêmica, não se pode achatar e diminuir; solidariedade é uma dimensão humana para além de religião; é preciso solidariedade estrutural, a chamada Política Pública, pois vidas de moradores de rua também importam.