São Paulo conta sua história: Paraiso

por Malu de Alencar

28.10.2019

O bairro surgiu de uma propriedade rural do século XIX – a Chácara do Sertório, propriedade de João Sertório. Situada entre as duas estradas para Santo Amaro, a área foi vendida à Dona Alexandrina Maria de Moraes, que morreu em 1886.

Minha ligação com o bairro do Paraiso é emocional.

Foi meu primeiro endereço em São Paulo, exatamente na Rua Abílio Soares, próxima a Paulista nos idos da década de 60. Um sobrado antigo com muitos quartos, sala comprida, provavelmente construído na década de 40 do século XX. Foi nesse pensionato que conheci Zé Kéti, Clementina de Jesus e Audálio Dantas, pois numa noite fomos presenteadas com uma seresta para lançamento do disco "Rosas de Ouro" em 1966!!! Adorava tomar café da manhã com pão na chapa num boteco da Cubatão com Abílio Soares, foi ali que conheci o jornalista Rui Martins que trabalhava no Estadão. De tanto nos encontrarmos acabamos ficando amigos, contava o que acontecia na USP, no CRUSP e quando idealizamos uma viagem de carona para a Amazônia em julho de 1967, me comprometi a dar noticias e se desse ele faria uma matéria sobre essa aventura! E foi assim que aconteceu, nem morava mais na Abílio Soares, mas o avisei que tinha chegado e ele foi me entrevistar para contar os detalhes!

No Paraíso teve um dos boliches mais famosos na década de 60/70, ficava na Rua Cubatão entre Rafael de Barros e Abílio Soares! Era ponto de encontro todas as sextas feiras e, antes de irmos para o boliche parávamos na Casa de Esfihas do Sr. Yazbeck, também ali no pedaço.

Fui privilegiada em morar nesse bairro tão aconchegante e ao mesmo tempo moderno para a época!

História do bairro

O bairro surgiu de uma propriedade rural do século XIX – a Chácara do Sertório, propriedade de João Sertório. Situada entre as duas estradas para Santo Amaro, a área foi vendida à Dona Alexandrina Maria de Moraes, que morreu em 1886. A partir de então, seus herdeiros lotearam a propriedade.

A região ligava as ruas da Liberdade ao extinto município de Santo Amaro. Daí surgiu o trecho do atual bairro do Paraíso, desde a rua Humaitá até a Abílio Soares, nascendo as ruas Pedroso, Maestro Cardim, Martiniano de Carvalho, Paraíso, Artur Prado, dentre outras.

O nome do bairro vem do “Largo do Paraízo”, atual Praça Osvaldo Cruz, e há bastante controvérsia quanto aos seus limites, pois antigamente se considerava Paraíso também áreas pertencentes hoje a distritos como Liberdade e Bela Vista.

A imponente Catedral Metropolitana Ortodoxa chama a atenção na paisagem. Exemplo da arquitetura bizantina, começou a ser construída nos anos 40, traz interior revestido em mármore e foi inspirada na Basílica de Santa Sofia, em Instambul.

O bairro é uma das regiões mais desenvolvidas da capital paulista, pois abriga o trecho inicial da Avenida Paulista, entre a Praça Osvaldo Cruz e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, que é local mais importante da cidade e centro financeiro do País.

O Paraíso é um bairro nobre da cidade de São Paulo, pertence à subprefeitura e ao distrito da Vila Mariana. Situa-se entre a Avenida Paulista e o Parque do Ibirapuera, em uma das regiões mais elevadas da cidade, chamada de Espigão da Paulista.

É delimitado pelas avenidas Brigadeiro Luís Antônio e 23 de Maio e faz divisa com os bairros da Aclimação, Jardim Paulista, Liberdade, Vila Mariana e Ibirapuera.

Dicas sobre o bairro

  • Possui diversos centros de saúde, como os hospitais do Coração, Beneficência Portuguesa, Oswaldo Cruz, Santa Catarina e Santa Helena, além de estabelecimentos educacionais, como o Colégio Maria Imaculada e o campus Unip

  • No Paraíso estão também a Catedral Metropolitana Ortodoxa e a Catedral de Nossa Senhora do Paraíso, que são imponentes edificações religiosas

  • Em frente à Praça Oswaldo Cruz, há uma disputada filial da lanchonete Ponto Chic. Trata-se da casa inventora do legítimo sanduiche bauru. A receita original leva apenas uma mistura de queijos prato, gouda, suíço e estepe derretidos, mais rosbife, tomate e pepino em conserva no pão francês sem miolo

  • Na Rafael de Barros, 70, próxima da Pça Oswaldo Cruz e Paulista, ficava uma das sorveterias mais antigas da cidade, a Alaska. Aberta em 1910, foi ponto de encontro para diversas gerações de paulistanos

  • Grafites caprichados enfeitam muros da área. Um dos principais desenhos é o de Oscar Niemeyer, pintado em 2013 pelo artista Eduardo Kobra, em um prédio da Praça Oswaldo Cruz

  • Centro Cultural São Paulo, inaugurado em 1982 nos arredores do bairro, está cheio de atrações gratuitas ou com preços camaradas, entre peças de teatro, shows, espetáculos de dança. Vale uma visita para conhecer a biblioteca, a gibiteca e discoteca. Os corredores também costumam encher de gente treinando passos de dança ou jogando xadrez. Não deixe de visitar o jardim suspenso para tomar sol ou fazer um piquenique. End: Rua Vergueiro 1000

  • O bairro teve imigração predominante de sírios e libaneses, o que se reflete em suas opções gastronômicas, os mais conhecidos são: o Halim e o Jaber, alternativas com comidas típicas

  • O Shopping Pátio Paulista fundado em 1989, conta com boa oferta de lojas e restaurantes. O imóvel histórico antes abrigava a loja de departamento Sears. Endereço: entradas pelas ruas: Rua 13 de Maio, 1947 e Rua Maestro Cardim, 1118

  • Casa das Rosas: projetado pelo escritório de Ramos de Azevedo, o casarão da Avenida Paulista terminou de ser construído em 1935. Desde 1991, abriga o centro cultural Casa das Rosas, vale a pena conhecer sua uma bela arquitetura e o agradável jardim, além do espaço do Café situado no meio do jardim.

Pontos de Encontro e Cultura:

  • Casa das Rosas: Av. Paulista, 37

  • Japan House: Av. Paulista, 52

  • SESC Paulista: Av. Paulista, 119

  • Itau Cultural: Av. Paulista, 149

OBS: todos espaços na Avenida Paulista, da Praça Oswaldo Cruz até Brigadeiro Luiz Antonio

Transporte:

  • vários ônibus cortam a Paulista e região, além das linhas do Metrô: Verde e Azul, com as estações: Brigadeiro e Paraíso

  • Andar pelas ruas arborizadas é um prazer. Mas há também diversos restaurantes e atrações culturais na região. O nome do bairro já diz tudo: um PARAISO.

Curiosidade:

  • A escritora, Zélia Gattai (1916-2008) que foi esposa de Jorge Amado, também passou a infância e adolescência no distrito

  • Sorveteria Alaska, na Rafael de Barros, proxima da Pça Oswaldo Cruz e Paulista, foi uma das sorveterias mais antigas da cidade, aberta em 1910, foi ponto de encontro para diversas gerações de paulistanos.


Fontes de Referência: Veja São PauloSão Paulo AntigaSão Paulo in FocoWikipédia