São Paulo conta sua história: Estação da Luz

por Malu de Alencar

31.08.2019

Hoje contamos a história da Estação da Luz, um dos principais pontos turísticos da cidade de São Paulo. O início da história é abordado por uma crônica que remonta às longas viagens pela estrada de ferro nos trilhos da Alta Paulista

Crônica

por Malu de Alencar

Minhas lembranças de São Paulo, remontam nas longas viagens pela estrada de ferro nos trilhos da Alta Paulista, quando o final da ferroviária era em Lucélia na década de 1950.

Andar nos trens da Paulista era um privilégio, os vagões eram divididos com muito charme: os carros dormitórios com cabines privativas, os vagões "pullmann" com cadeiras individuais e muito confortáveis, o restaurante e os vagões de primeira e segunda classe.

Quando tínhamos que viajar para São Paulo, o que era muito frequente, eu preferia viajar de trem do que de carro ou avião.

(Estação da Luz ao entardecer)

Vestia roupas de domingo para sentar no restaurante ou no carro "pullmann" onde sentava fogosa numa cadeira enorme que podia manejar os controles para se tornar quase uma cama.

Não me lembro quanto tempo durava a viagem, passávamos por pastos, montanhas, cidades... varava o dia e chegava a noite quando íamos para o vagão restaurante e eu ansiava por pedir o bife com um um ovo em cima, o famoso "bife à cavalo" que até hoje não sei o porque do nome, mas só de pensar no prato, sinto o seu sabor.

Depois do jantar íamos para o carro dormitório, cabine privativa com camas beliches, banheiro e pia.

Chegar na Estação da Luz era um acontecimento, novamente tínhamos que trocar a roupa de dormir pela roupa de festa, afinal chegávamos na capital do Estado, na cidade mais importante do Brasil... a cidade que não podia parar.

A Estação da Luz, era um ponto chique, era uma referência do desenvolvimento da cidade que crescia vertiginosamente nos meados do século XX, logo após o fim da II Guerra Mundial.

A imponência do prédio, até hoje me impressiona.

Vale a pena conhecer sua história, sua origem.

A ESTAÇÃO DA LUZ

por Ana Lucia Santana

(Interior da Estação da Luz)

A Estação da Luz, que se encontra em um espaço de 7500 metros quadrados do antigamente bem frequentado Jardim da Luz, em São Paulo, foi projetada pelo Barão de Mauá para suceder a primeira estação, a qual data de 1867. Foi edificada entre os anos de 1895 e 1901 e hoje é parte integrante da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô de São Paulo, constituindo-se em um dos principais centros metro-ferroviário da cidade.

Idealizada na estética vitoriana, a Estação foi construída sob a supervisão do engenheiro James Ford, com matéria-prima vinda da Inglaterra. Seu propósito era abrigar a nova Companhia São Paulo Railway, empresa natural da Bretanha. Na época ela também foi utilizada para o transporte do café, então o principal produto brasileiro, para o porto de Santos. Seu relógio foi, desde o início, um ponto de referência para que todos mantivessem seus horários ajustados.

(1900: Estação da Luz em construção)

A linha que atravessava a Estação da Luz ia de Santos, cidade litorânea paulista, a Jundiaí, localizada no interior do Estado. Através dela São Paulo recebia todos os produtos importados de que necessitava, tanto para o consumo quanto para a produção, em uma era na qual a industrialização ainda não avançara o suficiente.

Por este tronco ainda transitam, hoje, as mais variadas linhas ferroviárias e metroviárias.

A estrutura desta Estação foi toda importada da Inglaterra. Mecanismos pré-moldados desembarcaram em São Paulo e aí foram montados.

O material de alvenaria, porém, é de origem brasileira.

Ela foi inspirada em uma estação australiana, a Flinders Street Station, localizada em Melbourne.

Estação australiana Flinders Street Station, localizada em Melbourn, AUS.
Estação da Luz, localizada em São Paulo, BR

Um incêndio quase extinguiu a Estação da Luz, em 1946, mas foi possível reedificá-la com algumas pequenas modificações. Durante esta restauração foi acrescentado um novo andar na seção administrativa. A partir de então o transporte por meio de trens entrou em declínio, levando também esta construção a decair.

A importância arquitetônica desta edificação, porém, levou o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Condephaat), a tombá-lo, em 1982. Nos anos 90 e 2000 a Estação foi submetida a várias restaurações, uma delas dirigida pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e por seu filho, Pedro Mendes da Rocha.

Um dos objetivos desta reforma foi tornar possível a anexação do Museu da Língua Portuguesa, órgão cultural vinculado à Secretaria de Cultura do estado de São Paulo, fundado em 2006.

As acomodações internas da Estação, as partes laterais e a fachada mais importante foram entregues no ano em que São Paulo completou 450 anos. A Estação renovou sua importância, principalmente no campo cultural, pois hoje é igualmente a sede deste Museu, considerado um legado cultural da nossa língua.

Antigamente um ponto de referência no dia-a-dia da cidade, um ponto histórico de grande importância, hoje a Estação da Luz tem a oportunidade de resgatar seu lugar como ícone urbano, junto à Pinacoteca do Estado e ao próprio Museu da Língua Portuguesa.

Com a construção do Metrô, o cenário a sua volta se transformou profundamente, especialmente após a retirada do Monumento a Ramos de Azevedo, significativo marco desta região. Em compensação, porém, este complexo arquitetônico conquistou um certo grau de magnificência.

OBS: Em 2015 o Museu da Língua Portuguesa sofreu um incêndio, por sorte não atingiu a estrutura da Estação da Luz e segundo informações da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, só reabrirá em meados de 2020.


Fontes:http://www.estacaodaluz.org.br/http://pt.wikipedia.org/wiki/Estação_da_Luzhttp://www.guiadasemana.com.br/Sao_Paulo/Passeios/Estabelecimento/Estacao_da_Luz.aspx?id=1175