10.05.2021
Suas obras representavam uma sociedade da época e romances que hoje poderiam ser considerados ultrapassados. A questão é: por que temos tantos filmes de suas principais obras e por que existem tantos outros baseados em suas obras?
É importante falar que isso acontece por razões mais simples do que parece, Jane Austen tinha uma habilidade incrível de fazer heroínas complexas, inclusive, anos depois surgiu um termo que veio por suas personagens, o protofeminismo. Porque explorou diversos conflitos, como de classe, gênero, etc., e para uma mulher de sua época isso era mais que ser moderna.
Orgulho e Preconceito (1813) foi sua obra mais interpretada, além de suas adaptações formais cujo, nomes e roteiro seguiam à risca o livro, ainda existem filmes inspirados que foram feitos para a sociedade atual de forma que ganhou o coração de jovens, como O Diário de Bridget Jones (2001). Até mesmo uma novela da Rede Globo se utilizou da obra de Jane Austen e escreveu “Orgulho e Paixão” (2018).
Todas suas obras tiveram adaptações e versões que se adequassem ao público atual, afinal, quem não conhece As Patricinhas de Beverly Hills (1995), que é fielmente inspirado em Emma (1815)?
Jane Austen mostrou uma nova forma de fazer literatura, trazendo personagens femininas que sabiam o que queriam e o que aceitavam, eram fortes, prudentes em alguns casos e ainda assim possuíam defeitos, tornando-as humanas. Suas personagens criaram no público feminino um sentimento de reconhecimento ou desejo, ou se era como, por exemplo, Elizabeth Bennet — de Orgulho e Preconceito, ou se queria ser como ela.
Diferentemente de outras autoras da mesma época, ou até mesmo posterior, como M. Delly (1870–1949), Austen não tratava o romance como a parte principal de suas obras e nem da vida de suas personagens, apesar de serem considerados romances. A família, a vida pessoal, as próprias vontades e outros focos deixavam o romance como parte secundária, dando tempo para conhecer o outro e se apaixonar com a protagonista.
Sendo assim, é de se compreender como Jane Austen se tornou um fenômeno: revolucionando a literatura romântica da época, criando uma forma de fazer protagonistas, abrindo horizontes de uma maneira que seus romances podem ser transportados para os dias atuais sem cair na mesmice ou em novos tabus da atualidade.
Ou seja, ela se mantém na atualidade, pois em sua própria época era considerada a frente, e no mundo de hoje, em que amores acontecem tão rápido, apressados e sem impacto, suas obras parecem um deleite de romance e paixão.
Ah! Se restar algum interesse ou curiosidade sobre a autora, dizem por aí que a Kate Middleton, esposa do príncipe William e futura rainha consorte do Reino Unido, é sua descendente. Já pensou? Fora a futura rainha, também temos Anna Chancellor, que é meio sobrinha de Austen, uma atriz britânica que fez inclusive o papel de Caroline Bingley na adaptação cinematográfica de Orgulho e Preconceito.
Apesar disso, nunca teve descendentes diretos, já que nunca se casou, e todos seus descendentes vêm de seus irmãos e sobrinhos.
(*)Pesquisadores britânicos confirmaram, em 2012, a autenticidade de um retrato que mostra a escritora inglesa Jane Austen aos 13 anos, concluindo que a pintura do século XVIII desdenhada há décadas por especialistas é verdadeira, como assegurava a família da escritora.
Este é o único retrato profissional da autora de “Razão e sensibilidade”, se somando a um esboço feito por sua irmã Cassandra e ao desenho descoberto em 2011 pela biógrafa Paula Byrne.
O mistério chegou ao fim graças a fotografias da tela tiradas em 1910, antes que ela fosse restaurada e os nomes da retratada, do pintor Ozias Humphrey e a data, 1789; apagados. Historiadores questionavam a autenticidade do retrato afirmando que o vestido usado pela moça só passaria a ser usado quando Austen chegasse aos 20 anos, segundo a revista New Yorker.
Revisão ortográfica: Anne Preste