Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro -1865/1918) é considerado o príncipe dos poetas brasileiros.
Além de poeta, foi jornalista, escritor e autor de textos publicitários e humorísticos.
É considerado o nosso melhor representante do Parnasianismo (movimento literário do século XIX caracterizado pela objetividade e pelo descritivismo, além da retomada de temas da Antiguidade clássica e rigor formal na construção do texto poético).
Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, tendo participado ativamente da vida do seu tempo nas campanhas democráticas e civis.
O soneto abaixo é uma das mais conhecidas da coletânea Via Láctea:
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
Contam a seguinte história sobre o poeta:
Um homem queria vender um sítio. Andando pela rua ele se encontrou com o poeta Olavo Bilac. E disse ao poeta:
“Poeta, eu quero vender meu sítio que o senhor conhece tão bem. O senhor poderia redigir um anúncio para um jornal?”
O poeta pegou um lápis e papel e escreveu:
“Vende-se uma encantadora propriedade onde no extenso arvoredo cantam os pássaros ao amanhecer.
É cortada por marejantes e cristalinas águas de um belo ribeirão
e a casa nela existente é banhada pelo sol nascente
e oferece as sombras tranquilas das tardes nas varandas”.
Passados uns dias, o poeta se encontrou com o homem e perguntou a ele:
“E aí, vendeu o sítio?”
Ele disse:
“Nem pensei mais nisso. Depois que li o anúncio que vi a maravilha que tinha.”