Kate Dibiasky, uma estudante de astronomia, e seu professor, Dr. Randall Mindy, descobrem um cometa assassino orbitando no Sistema Solar em rota de colisão com a Terra, a apenas seis meses do impacto. Eles precisam urgentemente chamar a atenção da grande mídia para alertar a humanidade desta catástrofe, mas parece que as pessoas não estão se importando muito com isso pois estão ocupadas demais com as redes sociais.
Um elenco de primeira, um tema urgente e emergente para a atualidade, estamos vivendo um perigo, um cometa mais lento (pandemia) mas não menos destrutivo, mas o mais importante, é a mensagem que ele traz. O planeta está em perigo, planeta TERRA, o nosso, e parece que ninguém ou raríssimas pessoas se importam com isso. A humanidade em seu modus vivendi está doente, do corpo e da alma, e parece que ninguém se incomoda com isso, seja num nível singular, individual, próprio de cada ser, como de forma global.
Como sugere o filme, não olhar para cima significa não ver, se não vejo, não me importo, não assumo o perigo e nem tenho minha cota parte de responsabilidade na solução do problema.
O individualismo reinante em todo o universo. Olho para meu umbigo, se tudo está bem comigo, que diferença faz o que acontece com meu semelhante. Orgulho, vaidade, inveja, intolerância, oportunismo, negacionismo, estamos mergulhados numa lama de não virtudes.
Interessante notar que muitas das cenas retratam, e não por mero acaso, comportamentos que vemos estampados justamente em pessoas que detém o poder de muitas decisões importantíssimas para a humanidade como um todo, pessoas que governam, são líderes. Suas decisões afetam diretamente seu povo.
Leonardo Di Caprio, Jennifer Lawrence e Meryl Streep em cena do filme - Netflix/Divulgação
Não por mero acaso também, foram usadas cenas que escancaram o negacionismo da ciência, ciência esta que a base de toda a transformação evolutiva frente os desafios pelos quais passa humanidade. Quando um cientista sério não é ouvido, são anos de estudo e pesquisas, de trabalho e dedicação negligenciados.
O filme coloca fundo o dedo em muitas de nossas feridas oriundas de nossa sociedade ocidental imediatista, capitalista e hedonista.
Há falhas imperativas de serem resolvidas. A comunicação deve ser ética, expor os fatos de forma verídica e não os envernizar para minimizar uma catástrofe que irá chegar em tempo muito próximo. Não enganar as pessoas, não as manipular em prol de dinheiro, audiência, status.
A falta de uma educação que propicie os indivíduos a refletirem, serem críticos e não meros bonecos manipulados por interesses escusos de quem detém o monopólio do poder, do dinheiro, da manipulação em massa. Uma sociedade que não consegue amar de verdade, não lê, não escreve, seu desejo único é se divertir, consumir, o que esperar. A educação ofertada a todos é o único caminho de uma transformação verdadeira, aquela que pode salvar a humanidade e o planeta.
O filme mostra ainda que a espiritualidade, independente de religião pode dar um sentido mais profundo as nossas vidas e dá, é inquestionável. Isso fica bem claro quando perto do fim e em volta a mesa, numa última ceia, todos se dão as mãos e relatam porque ou por quem são gratos.
Um filme muito bem construído, que dá margem a muitas reflexões e quem sabe provoque uma pequena transformação em quem realmente o assistir para além de uma diversão cinematográfica.
Assista o trailer: