De Volta Para Casa, de Wayne Wang


Com distribuição da Zeta Filmes, o longa-metragem De Volta para Casa, de Wayne Wang, estreia em 09/09/2021 nos cinemas. Participou do Indie Festival, Festival de Toronto, Film Festival, Busan IFF e Tallinn Black Nights


Cleo Brito

04.09.2021

Sinopse:

O jovem escritor Chang-rae começa seu dia cuidando sozinho de sua mãe com câncer, enquanto, ao longo de um dia, prepara para a família um jantar tradicional do Ano Novo coreano que aprendeu com ela. Logo as emoções e memórias começam a vir à tona, levando-o de volta a momentos decisivos, de quando enfrentou as expectativas e planos de seus pais para ele e se impôs. Antes de seu pai e sua irmã voltarem para casa, uma visita inesperada e encontros em seu bairro em São Francisco desafiam seus sentimentos de ser o filho de seus pais. Suas habilidades culinárias serão suficientes para demonstrá-lo?

Ficha Técnica

Roteiro: Wayne Wang, Chang-Rae Lee

Fotografia: Richard Wong

Montagem: Deirdre Donald Young Slevin, Ashley Pagan

Som: Chris Quilty

Produção: Donald Young

Elenco: Justin Chon, Jackie Chung, Christina July Kim, John Lie

Título original: Coming Home Again

Classificação indicativa: 12 anos

O diretor

Nascido e criado em Hong Kong, Wayne Wang mudou-se para Los Altos, Califórnia, em 1967. Se formou inicialmente em Ciências Biológicas, depois estudou pintura no Califórnia College of Arts and Crafts, em Oakland. Fez pós-graduação, em Cinema. Em 1982, com uma bolsa da National Endowment for the Arts e do American Film Institute, Wang fez o filme de baixo orçamento e completamente independente Chan Is Missing e depois Dim Sum: A Little Bit Of Heart (1985), foram nomeados no British Academy Awards para Melhor Filme Estrangeiro, o que estabeleceu a reputação de Wang como um contador de histórias sino-americano. Devido à sua educação em Hong Kong por pais chineses tradicionais e educado por professores jesuítas irlandeses, Wang é frequentemente identificado com filmes sobre a diáspora chinesa, incluindo a adaptação cinematográfica de Eat A Bowl Of Tea (1989) e The Joy Luck Club (1993). Wang também fez filmes para os estúdios independentes como Smoke (1995) e Blue In The Face (1995), Maid In Manhattan (2002), Chinese Box (1997), Anywhere But Here (1999). No Festival de Toronto de 2007, Wang voltou às suas raízes chinesas e estreou um longa-metragem duplo sobre duas mulheres da Nova China: Mil Anos de Orações e A Princesa de Nebraska. Wang ganhou a Concha de Ouro de Melhor Filme no Festival de San Sebastian de 2007 por Mil Anos De Orações.

Filmografia

Coming Home Again (2019) | While the Women Are Sleeping (2016-2017) | Soul of a Banquet (2014) | Snow Flower and the Secret Fan (2011) | A Thousand Years of Good Prayers (2007) | Princess of Nebraska (2007) | Last Holiday (2006) | Because of Winn-Dixie (2005) | Maid in Manhattan (2002) | The Center of the World (2001) | Anywhere But Here (1999) | Chinese Box (1997) | Blue in the Face (1995) | Smoke (1995) | The Joy Luck Club (1993) | Life Is Cheap… But Toilet Paper Is Expensive (1989) | Eat a Bowl of Tea (1989) | Dim Sum Take Out (1988) | Slam Dance (1987) | Dim Sum: A Little Bit of Heart (1985) | Chan Is Missing (1982) | A Man, a Woman, and a Killer (1975)

Fonte: FM Procultura Assessoria

De Volta para Casa, baseado em um ensaio pessoal de Chang-Rae Lee, narra a história de um jovem escritor sul-coreano, que renuncia a sua carreira e volta para sua casa em San Francisco para cuidar da mãe com câncer e encara o relacionamento conflituoso com ela. O filme mostra o quão fica adoentado também quem cuida de enfermos, como se tivessem pressa de se redimir perante a si mesmo ou àquelas pessoas, o que gera sérios conflitos em família, mexendo em velhas feridas e provocando o risco de abrir novas. O pai é ausente, mesmo estando presente e a irmã vive na Coreia. Os palpites de toda ordem, inclusive de religiosos, que mesmo com o compromisso de cumprir seu dever através da fé, impõem uma certa culpa àqueles que não aceitam as suas palavras.

Acatar a decisão de quem está sofrendo de não mais continuar o tratamento é muito difícil, é como participar de um suicídio assistido. Uma atitude aparentemente cruel, principalmente, para aqueles que não convivem o dia a dia da dor física e moral do paciente, como é o caso da irmã que, quando de sua visita, oferece novas alternativas da ciência para a cura da mãe, que não são aceitas. Chang busca o melhor em suas memórias para lidar com esta situação.

Forte e tocante, porém, levado com sutileza na interpretação, mesmo em momentos de necessários rompantes do protagonista. Ressalta a delicadeza oriental 'com o preparo da refeição de ano novo, com toques de amor, como se o protagonista quisesse se transpor no tempo e espaço em sua relação com a mãe. Uma analogia na frase no início do filme durante o preparo do Kalbi , enquanto a costela é cortada e separada do osso pela mãe e também por Chang: "a carne tem que estar perto do osso, para que ele possa emprestar a sua riqueza", com relação ao ser humano, o corpo também se desprende de suas raízes, mas de certa forma está sempre ligado pela alma, emprestando e ressaltando a sua riqueza.

Um filme ótimo com boa trilha sonora. Trata a pessoa doente e sua família com muita realidade.

Cléo Brito - Grupo Cinepapo

Assista o trailer:

Revisão ortográfica: Anne Preste



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