Personagens do filme: Linda (Anne Hathaway) e Paxton (Chiwetel Ejiofor) Foto: Divulgação/HBO Max
Com a chegada da HBO Max (29/06), pudemos assistir pela primeira vez o longa de Doug Liman (conhecido pelo seu trabalho de direção em obras como “Identidade Bourne” e “Jumper”) no streaming, mas será que a espera realmente valeu a pena?
Somos apresentados, logo no início, a Linda (Anne Hathaway) e Paxton (Chiwetel Ejiofor), um casal em separação que é obrigado a continuar morando na mesma casa em decorrência da quarentena. Cheios de mágoas e segredos, os dois precisam encontrar uma maneira de equilibrar minimamente a convivência. As coisas só começam a mudar quando surge a oportunidade do crime perfeito.
Nesse passo, uma das premissas básicas para que um filme que retrata os tempos de pandemia funcione é justamente demonstrar, de forma realista, o cotidiano do que muitos chamaram de “novo normal”. Assim sendo, “Confinamento” acerta em vários pontos, demonstrando, por exemplo, as brigas decorrentes do negacionismo de algumas pessoas e as dificuldades das reuniões online (problemas de conexão, crianças gritando...). Todavia, talvez o maior dos acertos seja justamente mostrar os efeitos psicológicos do contexto pandêmico, o que foi feito muito bem pelos protagonistas, constantemente apreensivos e “surtados”. Isso não significa, contudo, que tenhamos grandes atuações... Anne Hathaway realiza um bom trabalho ao demonstrar o cansaço de Linda, mas beira a apatia nas cenas mais tensas (final do filme). Chiwetel Ejiofor é operante e nada mais (o que talvez se justifique pela falta de constância de seu personagem e pela tentativa frustrada de torná-lo um gênio compreendido, sem dar sequer material para que o público aceite esta ideia).
Como se tudo isso não bastasse, a obra está cheia de esquisitices e tenta trazer, pontualmente, elementos que o enquadrem em um filme mais “intelectual” e tudo fica ainda mais bobo e desconexo. É sério mesmo que ninguém em Londres nunca ouviu falar de Edgar Allan Poe? Pior ainda é pensar que “eles” deixam claro que só a nata da sociedade conheceria o autor. Aliás, todo o terceiro ato é marcado por incoerências e o grande desfecho só existe para poder enquadrar o filme em uma obra criminal.
Deixando a chatice um pouco de lado, admito que “Confinamento” entretém e traz alguma leveza para um momento cheio de dúvidas e medo. Se eu tivesse tal poder, também acrescentaria “terror” ao gênero do filme... Intencional ou não, é realmente assustador o modo como ninguém sabe usar a máscara ou higienizar as coisas, elemento que é, infelizmente, o mais real da trama.
“Confinamento” está disponível no catálogo da HBO Max.
Nota do autor da crítica: 6/10
Ficha técnica
Direção: Doug Liman
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Anne Hathaway, Chiwetel Ejiofor, Ben Kingsley
Gênero: Comédia, Romance, Ação
Duração: 118 minutos
País de Origem: Reino Unido
Assista o trailer:
Revisão ortográfica: Anne Preste
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