Panorama da Música Brasileira do século XX

Turma da Gafieira

por Bernadete Siqueira

11.02.2021

O panorama da Turma da Gafieira

Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX mostrando a Turma da Gafieira que fez o primeiro disco de samba-jazz da história da musica brasileira.

Turma da Gafieira foi uma banda composta por várias 'estrelas' da época, altamente original, que lançou álbuns entre o período de 1957-1962

Um dos integrantes da Turma da Gafieira foi Edison Machado que apresentou seu samba nos pratos, o samba rítmico em címbalos, enquanto Sivuca cantava sua gaita ao acordeão pela primeira vez. Ambas as técnicas, embora aborrecessem alguns puristas a princípio, tornaram-se características aclamadas desses músicos.

No álbum de estreia participaram alguns músicos, como: Zé Bodega - saxofonista, Baden Powell - guitarra (posteriormente se tornou violonista e compositor de grande sucesso), Paulinho Lima - piano, Raul de Barros - trombone, Nestor Campos - guitarra, Maurílio Santos - trompete e Jorge Marinho no baixo. O flautista Altamiro Carrilho atuou como compositor, sua bagagem musical foi imensa e de valor incontestável.

O valor histórico da Turma da Gafieira para a música popular brasileira é de grande importância, pois pela primeira vez o jazz improvisado foi gravado em ritmos genuínos do samba. Quando o bolero, o samba-canção, a bossa e o tango eram os estilos dominantes nas baladas e o samba em suas variedades para as canções up-tempo (ritmo rápido, andamento acelerado) a mistura de improvisações de jazz com ritmos brasileiros estava muito à frente.

A bossa nova ainda estava por vir, sem falar nas formas subsequentes do samba-jazz e da bossa dura, que significa uma maneira seca de tocar, como algo batido ou socado sem aquela beleza ou singeleza que o ritmo deve ter.

O ponto mais importante dessa gravação foi o registro, da primeira vez, do ritmo tocado nos tambores da bateria de uma maneira original, porém primitiva, tocado nos pratos com um som mais destacado e modernizado. Isto passou a ser tocado desta forma em todo mundo, a partir desta gravação.


Revisão ortográfica: Geyse Tavares

Trabalho elaborado pelo músico Chuim (Luiz Carlos de Siqueira), baterista, percussionista, professor, compositor, autor, produtor musical e estudioso da história da música brasileira.

Iniciou sua carreira como músico aos 15 anos e fez parte de vários conjuntos musicais. Estudou música erudita, gravou uma série de programas para Rádio Eldorado e TV Cultura.

Fez temporada nos Estados Unidos, França e Dinamarca. Foi professor na Unicamp-SP, na St. Paul Escola Britânica-SP e St. Francis International College-SP.

Atualmente desenvolve o projeto Samba-Jazz, atua no “Chuim Quarteto” e na “Orquestra Cadência Brasileira”.

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Chuim deixa seus agradecimentos a José Roberto Rocco que fez a edição musical e a Edgard Garcia do Estúdio E que cedeu gentilmente o estúdio para as gravações deste projeto.