Panorama da Música Brasileira do século XX

ed lincoln

por Bernadete Siqueira

18.03.2021

O panorama de ed lincoln

Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX mostrando Ed Lincoln, um dos mais requisitados animadores de bailes e festas dos adolescentes da década de 1960.

Ed Lincoln foi um instrumentista – contrabaixo, pianista e organista, compositor, arranjador e produtor musical brasileiro.

O primeiro contato de Ed Lincoln com a música foi através de sua mãe e de sua irmã mais velha, que tocavam piano. Um dia, assistiu ao filme Rapsódia em Azul, sobre a vida do compositor George Gershwin. No dia seguinte, Ed - que ainda era Eduardo - vestiu seu pijama imitando Gershwin, correu para o piano da sala de estar, "onde só se entrava com autorização" e ficou ali fingindo que estava lendo as partituras e tocando. Vendo o gosto de Eduardo pela música, sua irmã resolveu ensinar alguma coisa a ele. Foi assim que Ed começou a tocar de ouvido.

O próximo passo foi tocar no rádio, ainda em Fortaleza, onde nasceu.

Na Rádio Iracema, montou um trio com Paulo de Tarso na bateria e Dandão no contrabaixo, enquanto ficava no piano. A mudança para o Rio de Janeiro não teve a ver com a música: o jovem músico veio estudar arquitetura e trabalhar no Ministério do Trabalho.

No Rio, Ed não tinha nenhum contato na música até que o amigo, Célio, do Ceará, ligou para ele convidando a acompanhá-lo numa apresentação na Rádio Roquete Pinto. Estamos falando do início da década de 50.

Em 1951 iniciou a carreira artística tocando contrabaixo em clubes e jam sessions. Depois passou para piano em seguida para o órgão. Trabalhou com Luís Eça, Dick Farney e Luiz Bonfá na década de 1950.

Na década de 60 criou um estilo na execução de órgão, que se tornou moda em bailes da época.

É conhecido por ter utilizado em seus discos os seguintes pseudônimos: Don Pablo de Havana, Les 4 Cadillacs, The Lovers, De Savoya Combo, Ed Kennedy, Claudio Marcelo, Danny Marcel, dentre outros.

Em disco e nos bailes, Lincoln teve a seu lado grandes instrumentistas - como Bebeto Castilho, Durval Ferreira, Alex Malheiros, Márcio Montarroyos, Luiz Alves e Wilson das Neves.

Era o rei dos bailes, um dos fundadores do samba rock. Ele escreveu o nome na música brasileira e na história carioca. Tinha uma sonoridade própria.

No início dos anos 1970, Lincoln passou a se dedicar mais a jingles e trilhas sonoras. Interessado na tecnologia, chegou a fazer experiências com computadores e música. A modernidade que sempre acompanhou sua música atraiu gerações mais jovens a partir do início do novo século. Em 2000, mesma época em que a obra de Lincoln começava a chamar a atenção de DJs britânicos.


Revisão ortográfica: Geyse Tavares

Trabalho elaborado pelo músico Chuim (Luiz Carlos de Siqueira), baterista, percussionista, professor, compositor, autor, produtor musical e estudioso da história da música brasileira.

Iniciou sua carreira como músico aos 15 anos e fez parte de vários conjuntos musicais. Estudou música erudita, gravou uma série de programas para Rádio Eldorado e TV Cultura.

Fez temporada nos Estados Unidos, França e Dinamarca. Foi professor na Unicamp-SP, na St. Paul Escola Britânica-SP e St. Francis International College-SP.

Atualmente desenvolve o projeto Samba-Jazz, atua no “Chuim Quarteto” e na “Orquestra Cadência Brasileira”.

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Chuim deixa seus agradecimentos a José Roberto Rocco que fez a edição musical e a Edgard Garcia do Estúdio E que cedeu gentilmente o estúdio para as gravações deste projeto.