Panorama da Música Brasileira do século XX

Breno Sauer Quinteto

por Bernadete Siqueira

25.02.2021

O panorama do Breno Sauer Quinteto

Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX mostrando Breno Sauer Quinteto, grupo instrumental que une raízes brasileiras com inspiração jazzística .

Durante meados dos anos 1950, alguns músicos em Curitiba experimentaram um processo de modernização no meio musical, no sentido estético harmônico e sonoro, semelhante e paralelo ao que vinha acontecendo em outras localidades do Brasil e do mundo. A música inundava os eventos em sociedades, bailes, boates e bares de uma Curitiba enriquecida pela prosperidade do café no Paraná.

Breno era um sujeito que buscava um som, uma assinatura. Encontrada pela primeira vez em 1957 – um ano antes da bossa nova –, em Curitiba, onde fez fama com seu moderno Breno Sauer Quinteto.

Breno Sauer nasceu no Rio Grande do Sul em 1929, em uma família de músicos que se revezavam entre a gaita, a bateria e o violão, foi aprendendo por si a tocar os instrumentos e seguiu sua história tocando em clubes, rádios e televisão. Com sua alma inquieta e pioneira seguiu para o mundo, formou grupos precursores, tramou harmonias contemporâneas, configurou um som moderno e diferente, com a música brasileira na mochila, seguiu para a vida ao lado de suas paixões: a família e a música.

A referência era Art Van Damme - americano, acordeonista de jazz, que explodiu a cabeça dos músicos gaúchos dos anos 1950 e 60, gerando dezenas de grupos chamados "Conjuntos Melódicos" – o mais famoso foi o de Norberto Baldauf. E qual o segredo do som mortal de Van Damme? A combinação inédita de vibrafone, acordeom (que pode ser um instrumento suave, se tocado por quem domine seus instintos predatórios), guitarra (de jazz, grave e discreta), baixo acústico e bateria com vassourinhas.

O quinteto Sauer só tinha craques: Breno no acordeom, Garoto no vibrafone, Olmir "Alemão" Stocker na guitarra, Gabriel Bahlis no baixo, Afonso Cid- Pirata na bateria. Olmir e Bahlis seguem atuantes em São Paulo. E foi em São Paulo que, fato extraordinário para qualquer músico gaúcho dos anos 1950, em quatro anos lançaram quatro discos.

Em 1972 Breno foi para Chicago (EUA) onde formou o grupo ‘Made in Brasil’ com Ron DeWar (sax tenor, americano), Akio Sasajima (guitarra, japonês), Paulinho Garcia (baixo, brasileiro), Phil Gratteau (bateria, americano), Neusa Sauer (voz, brasileira), Roberto Sanchez (conga, cubano) e Breno ao piano.

Em março de 2017, faleceu em Niles, na grande Chicago, o veterano pianista, vibrafonista, acordeonista e band leader gaúcho Breno Sauer.


Revisão ortográfica: Geyse Tavares

Trabalho elaborado pelo músico Chuim (Luiz Carlos de Siqueira), baterista, percussionista, professor, compositor, autor, produtor musical e estudioso da história da música brasileira.

Iniciou sua carreira como músico aos 15 anos e fez parte de vários conjuntos musicais. Estudou música erudita, gravou uma série de programas para Rádio Eldorado e TV Cultura.

Fez temporada nos Estados Unidos, França e Dinamarca. Foi professor na Unicamp-SP, na St. Paul Escola Britânica-SP e St. Francis International College-SP.

Atualmente desenvolve o projeto Samba-Jazz, atua no “Chuim Quarteto” e na “Orquestra Cadência Brasileira”.

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Chuim deixa seus agradecimentos a José Roberto Rocco que fez a edição musical e a Edgard Garcia do Estúdio E que cedeu gentilmente o estúdio para as gravações deste projeto.

Chuim na bateria