Panorama da Música Brasileira do século XX

tenório jr.

Bernadete Siqueira

29.04.2021

O panorama de tenório jr.

Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX apresentando Tenório Jr., considerado um dos músicos mais importantes da bossa nova.

Francisco Tenório Cerqueira Júnior, nasceu no Rio de Janeiro em 1941 foi um pianista de samba-jazz, bastante ativo nos anos 1970.

Foi considerado um dos músicos mais importantes da bossa nova. Costumava apresentar-se no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro. Seu piano pode ser ouvido em álbuns antológicos da música brasileira como É Samba Novo, de Edson Machado, a Arte Maior de Leny Andrade, com Tenório Jr. Trio, Desenhos, de Victor Assis Brasil, O Lp, de Os Cobras e Vagamente, de Wanda Sá..

Ele tinha 21 anos quando gravou seu primeiro e único disco, Embalo, em 1964.

Cursou a Faculdade Nacional de Medicina, enquanto se dedicava paralelamente ao piano, tornando-se um dos profissionais mais requisitados pelos artistas.

“Tenório tinha uma inteligência impressionante, aquele humor ácido dos muitos observadores, musicalidade à flor da pele” disse Joyce, compositora.

No dia 18 de março de 1976 o pianista acompanhava os músicos Vinícius de Moraes e Toquinho em duas apresentações no teatro Gran Rex, em Buenos Aires. Tenório desceu de seu quarto de hotel na Avenida Corrientes e deixou um bilhete na porta de Vinícius. “Vou sair para comer um sanduíche e comprar um remédio. Volto logo”. Nunca voltou.

Elis Regina dedicou o disco Essa Mulher, lançado em 1979, à “ausência Francisco Tenório Jr.”. O pianista desapareceu seis dias antes do golpe militar que derrubou a presidente Isabelita Perón, na Argentina. Seu sumiço mobilizou toda a classe artística na época e Elis foi uma das figuras que buscou, em vão, encontrar informações sobre Tenório. O desaparecimento do pianista foi investigado pela Comissão Nacional da Verdade, a pedido da mulher e filhos do músico. Tenório não tinha envolvimento com movimentos políticos.

O músico Frederico Mendonça de Oliveira, é o autor do livro O Crime Contra Tenório. Na obra, ele conta que uma turma de marines comandada pelo tenente de navio Alfredo Astiz esperava um encontro entre dois líderes guerrilheiros na esquina da Av. Corrientes com a Rua Rodrigues Peña, mas o encontro não aconteceu. Na eminência de um golpe de Estado, Tenório foi parar bem ali. “Não tendo ocorrido o “ponto”, Astiz ordenou que prendessem aquele tipo exótico”. Segundo a descrição do autor, o pianista estava com barba imensa, cabeleira farta, japona de couro, camisa quadriculada, calças, jeans e botas.

Tenório Júnior tinha 34 anos. Deixou quatro filhos e a esposa, Carmen Cerqueira Magalhães, grávida. A quinta criança nasceu um mês após o seu desaparecimento.



Revisão ortográfica: Anne Preste

Trabalho elaborado pelo músico Chuim (Luiz Carlos de Siqueira), baterista, percussionista, professor, compositor, autor, produtor musical e estudioso da história da música brasileira.

Iniciou sua carreira como músico aos 15 anos e fez parte de vários conjuntos musicais. Estudou música erudita, gravou uma série de programas para Rádio Eldorado e TV Cultura.

Fez temporada nos Estados Unidos, França e Dinamarca. Foi professor na Unicamp-SP, na St. Paul Escola Britânica-SP e St. Francis International College-SP.

Atualmente desenvolve o projeto Samba-Jazz, atua no “Chuim Quarteto” e na “Orquestra Cadência Brasileira”.

Siga o Chuim nas redes sociais: Site - Youtube - Facebook - Instagram


Chuim deixa seus agradecimentos a José Roberto Rocco que fez a edição musical e a Edgard Garcia do Estúdio E que cedeu gentilmente o estúdio para as gravações deste projeto.