Panorama da Música Brasileira do século XX

RÁDIO NACIONAL

Bernadete Siqueira

01.07.2021

O panorama DA RÁDIO NACIONAL

Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX apresentando a Rádio Nacional, um marco na história do rádio brasileiro.

Auditório da Rádio Nacional nos anos 50, por Acervo/Rádio Nacional do Rio de Janeiro

Em 12 de outubro de 1936 o Rio de Janeiro ganhava mais uma emissora de rádio, a PRE-8 - Sociedade Rádio Nacional, que começava sem muito alarde, apresentando o mesmo tipo de programação de outras rádios existentes.

No ano de 1937 a ditadura Vargas se instalou no poder. A Rádio Nacional foi encampada por Getúlio.

A primeira providência foi dar a independência financeira à Rádio Nacional, que passava a se autogerir, sem compromissos inclusive com o lado “comercial” de seus programas. Em julho de 1937 a “nova” Rádio Nacional já começava a dar demonstrações de sua mudança. O jornal A Noite em manchete de primeira página anunciava. “O Brasil hoje dá ouvidos ao mundo”.

Mais interessado no poder e na penetração do rádio como instrumento de propaganda o Estado Novo permitiu que os lucros auferidos com publicidade fossem aplicados na melhoria da estrutura da rádio o que permitiu que a Rádio Nacional mantivesse o melhor elenco de músicos, cantores e rádio atores da época, além da constante atualização e melhoria das suas instalações e equipamentos. Na área musical, foram requisitados alguns dos melhores músicos do mercado como Radamés Gnattali, o violoncelista Iberê Gomes Grosso, o violinista Célio Nogueira, o baterista Luciano Perrone, entre muitos outros sob a direção artística do violonista Romeu Chispman. “A Rádio Nacional começou como uma emissora da noite” conta o maestro Radamés Gnattali:

Em 1941, a Rádio Nacional apresentou a primeira radionovela do país, “Em busca da Felicidade” e posteriormente “O Direito de Nascer”.

Foi pioneira também no rádio jornalismo, quando, em 1941, durante a II Guerra Mundial, criou o Repórter Esso, era basicamente para noticiar a guerra do ponto de vista dos aliados, e acabou por criar um padrão inédito de qualidade no rádio jornalismo brasileiro. O Repórter Esso ficou no ar até 1968 e o seu slogan era: “a testemunha ocular da história”.

Dos anos 1930 até o final dos anos 1950, o rádio possuía um enorme “glamour” no Brasil. Ser artista ou cantor de rádio era um desejo acalentado por milhares de pessoas, especialmente os jovens. Pertencer ao “cast” de uma grande emissora era suficiente para que o artista conseguisse fazer sucesso em todo o país e obtivesse grande destaque e prestígio.

Atualmente, parte significativa do acervo da Rádio encontra-se no Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro. A rádio comemora em setembro próximo 85 anos. Nenhuma outra emissora da era da música ao vivo chegou a contar, como a Nacional, com três orquestras, maestros e arranjadores de renome.


Revisão ortográfica: Anne Preste

Trabalho elaborado pelo músico Chuim (Luiz Carlos de Siqueira), baterista, percussionista, professor, compositor, autor, produtor musical e estudioso da história da música brasileira.

Iniciou sua carreira como músico aos 15 anos e fez parte de vários conjuntos musicais. Estudou música erudita, gravou uma série de programas para Rádio Eldorado e TV Cultura.

Fez temporada nos Estados Unidos, França e Dinamarca. Foi professor na Unicamp-SP, na St. Paul Escola Britânica-SP e St. Francis International College-SP.

Atualmente desenvolve o projeto Samba-Jazz, atua no “Chuim Quarteto” e na “Orquestra Cadência Brasileira”.

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Chuim deixa seus agradecimentos a José Roberto Rocco que fez a edição musical e a Edgard Garcia do Estúdio E que cedeu gentilmente o estúdio para as gravações deste projeto.
Chuim na bateria