Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX apresentando o Maestro Gaó, um músico que deixa a sua marca na história da música brasileira e internacional.

Odmar do Amaral Gurgel, conhecido artisticamente como Maestro Gaó, um regente, pianista, radialista e compositor musical durante mais de sete décadas. Tendo no lar as influências primordiais, seus pais eram professores e músicos. Já aos cinco anos, Gaó está alfabetizado e começa a estudar música. Aprende violino, trombone, flauta e piano. Aos nove já pianista profissional, toca no cinema local. Aos onze anos participa de uma orquestra de salão, da qual se torna o regente. À noite o trabalho do jovem é ir ao Cine Pavilhão para selecionar as músicas da orquestra, da qual seu pai era clarinetista, adaptando-as às diversas cenas dos filmes mudos daqueles tempos.

Como diretor artístico na gravadora Columbia e com a sua Orquestra Colbaz, organizada para trabalhar para a gravadora, reuniu vários mestres do choro da cidade de São Paulo. O maestro é o primeiro a gravar a música "Tico-tico no Fubá" em 1931, composta por Zequinha de Abreu, o sucesso é tanto que o disco permanece em catálogo até a década de 1940. Também nesse mesmo ano, é eleito o melhor pianista de São Paulo.

Na sua trajetória em São Paulo ingressa na Rádio Educadora Paulista em 1926, atua em diversas formações, de solo a orquestral, e em contextos populares e eruditos. Entre 1932 e 1936, atua na Rádio Cruzeiro do Sul como diretor e produtor. Quatro anos depois, muda-se para o Rio de Janeiro, tornando-se diretor artístico da Rádio Ipanema e também trabalha na conceituada Rádio Nacional como diretor de sua orquestra de jazz. Em 1937, ele se apresenta por três meses em Buenos Aires, Argentina e Uruguai. De volta ao Brasil, dá continuidade aos trabalhos para as rádios, Cruzeiro do Sul e Cosmos, organiza também a Orquestra Columbia, que anima bailes e danças em clubes de elite e gravou vários discos. Em 1938, volta ao Rio para trabalhar na Rádio Nacional, assumindo, no ano seguinte, a direção musical do Cassino da Urca, onde trabalhou até 1945. Nesse ano, muda-se para os EUA, onde permanece até 1951, trabalha como pianista e líder de banda para o governo dos Estados Unidos, entretendo veteranos de guerra. De volta ao Brasil, trabalhou de 1951 a 1957 na Rádio Nacional (São Paulo). Em 1957, volta aos Estados Unidos, onde permanece até seu retorno definitivo ao Brasil em 1967.

Maestro Gaó morreu em 1992, aos 83 anos, em Mogi das Cruzes. Nessa cidade, cria um Conservatório Musical onde difunde sua arte, ensina piano e teoria musical e publica o livro “Teoria moderna da música”.

Revisão ortográfica: Anne Preste