Panorama da Música Brasileira do século XX

Banda Savana

Bernadete Siqueira

05.08.2021

O panorama DA banda savana

Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX apresentando a Banda Savana, referência única na música instrumental brasileira.

A Banda Savana surge num período em que poucos grupos do gênero restavam em atuação na cidade de São Paulo. A big band, fundada em 1985, liderada pelo trompetista, arranjador, compositor e maestro José Roberto Branco, apresenta música brasileira instrumental para concertos, com temas conhecidos e de criação própria.

O músico iniciou os estudos musicais em sua cidade natal Pederneiras, e continuou em São José do Rio Preto, onde teve aulas de teoria, solfejo e harmonia. Aos 17 anos ingressou na Orquestra de Baile Night and Day de Pederneiras, cuja formação era a de uma big band. Aos 20 anos, foi convidado a integrar a Orquestra de Baile Capellosa, de Jaú. Foi nesta orquestra que recebeu a incumbência de tirar as músicas. O acesso às partituras editadas com transcrições era muito limitado. Tornava-se, portanto, necessário transcrever de ouvido, do disco para a partitura a melodia, o ritmo e a harmonia da “nova onda” que o rádio divulgava. Foi este processo de transcrição da vitrola para o papel e sua distribuição para a orquestra que iniciou Branco como arranjador. Em São Paulo estudou harmonia modal, composição, improvisação e harmonia do jazz e contraponto. Desenvolveu pesquisas sobre a música indígena, as raízes africanas, a música dos jesuítas e a influência europeia na música brasileira.

Trabalhou como arranjador da RGE e em programas na TV Tupi. Esporadicamente escrevia arranjos para a Orquestra de Sílvio Mazzuca, Originais do Samba, Eliana Pitman, Wilson Simonal e Jair Rodrigues. Estabelecido em São Paulo, Branco revelou-se como arranjador competente. Faltava agora assumir o papel de band leader, à frente de um grupo que apresentasse sua música e veiculasse sua estética. Isto só viria a acontecer com a Banda Savana. Por esta banda passaram nomes consagrados no meio musical brasileiro. É considerada a mãe de muitas bandas instrumentais brasileiras.

A Banda Savana Jazz tem dois CDs gravados na Escandinávia, pela Libar Music, o Brazilian Movements e o Brazilian Portraits, com composições originais. A banda já se apresentou em importantes centros culturais de São Paulo e do Brasil, tem músicas tocadas nos países da Europa e do Japão e já realizou programas de TV e Rádio, como o projeto Memória Brasileira – Arranjadores, com músicas de Pixinguinha, ao lado de Moacir Santos, Eumir Deodato, Duda do Recife e Cipó, em concertos gravados ao vivo pela RTC Rádio e Televisão Cultura. Em 2015, foi gravado um CD, planejado pelo maestro Branco, com o melhor da música brasileira.

Atualmente Branco é professor de música no Conservatório de Música e Dança Villa Lobos, em Osasco (SP), além de exercer o ofício de arte-educador em música para crianças no Projeto Tim, no Auditório Ibirapuera (SP). Atua como arranjador para orquestras e intérpretes brasileiros.

Referências:

  • Instituto Cultural Cravo Albin

  • CARVALHO, Rui Manuel Sénico, Entre a imanência e a representação: Maestro Branco e a Banda Savana, pós-modernismo, identidade e música popular no Brasil, 2003, 250p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes, Campinas, SP.



Revisão ortográfica: Anne Preste

Trabalho elaborado pelo músico Chuim (Luiz Carlos de Siqueira), baterista, percussionista, professor, compositor, autor, produtor musical e estudioso da história da música brasileira.

Iniciou sua carreira como músico aos 15 anos e fez parte de vários conjuntos musicais. Estudou música erudita, gravou uma série de programas para Rádio Eldorado e TV Cultura.

Fez temporada nos Estados Unidos, França e Dinamarca. Foi professor na Unicamp-SP, na St. Paul Escola Britânica-SP e St. Francis International College-SP.

Atualmente desenvolve o projeto Samba-Jazz, atua no “Chuim Quarteto” e na “Orquestra Cadência Brasileira”.

Siga o Chuim nas redes sociais: Site - Youtube - Facebook - Instagram


Chuim deixa seus agradecimentos a José Roberto Rocco que fez a edição musical e a Edgard Garcia do Estúdio E que cedeu gentilmente o estúdio para as gravações deste projeto.