111 anos de Adoniran Barbosa


Adoniran Barbosa e seu canto afetuoso inspirado em São Paulo


Indira Rodrigues

13.08.2021
Praça Adoniran, em Valinhos (SP). Foto: Reprodução/Internet

Em 6 de agosto de 1910, nasce na cidade de Valinhos, interior de São Paulo, João Rubinato, conhecido como Adoniran Barbosa, que deixa seu legado bastante presente na música com seu samba. O nome artístico teve origem em razão do seu amigo Adoniran, que soava bem artisticamente, e Barbosa sucedeu pela admiração e amizade do sambista carioca Luís Barbosa. Filho de imigrantes italianos e pertencente a um grupo de sete irmãos, seus pais Emma e Francesco “Fernando” Rubinato imigraram para o Brasil em 1895, para trabalhar nas lavouras de café, trazidos pelos trens da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, que havia inaugurado uma estação na então Vila de Valinhos em 1872. Já em 1918, a família de italianos se mudou para Jundiaí. Quando Adorinan tinha 14 anos mudam para Santo André, onde ele passa a exercer a função de tecelão, encanador, pintor, vendedor ambulante e garçom. Trabalha também como metalúrgico, por pouco tempo, devido a problemas pulmonares. Em 1930, em São Paulo, João Rubinato faz carreira com o pseudônimo Adoniran Barbosa. Naquele tempo o que mais se escutava nas rádios era samba, estilo musical preferido de cantor. Seguiu uma carreira diferente de seus pais, foi pelo caminho das artes. O compositor é dono de um sotaque interiorano e, harmonizada com sua voz rouca, tornam-se traços que caracterizam a sua arte.

Sempre trajado com chapéu, terno, ora de gravata borboleta ora de cachecol, o sambista paulista eternizou suas músicas como também seus trajes marcantes, um estilo criado pelo músico. Apesar da música ocupar lugar central em sua vida, ele teve passagens no teatro e na televisão como comediante e radioator. No cinema nos longas "Pif-Paf" (1945), de Ademar Gonzaga, "Caídos do Céu" (1946), dirigido por Luís de Barros, e em "O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, premiado em Cannes. Retomando suas atividades com a música, é perceptível, e também afirmado em entrevistas, que suas composições retratam experiências pessoais e referenciadas no cotidiano paulistano, sejam casos alegres ou experiências frustradas. “Saudosa Maloca”, “Iracema”, “Samba do Arnesto”, “Tocar na Banda”, são alguns dos grandes sucessos do compositor, e algumas de suas poesias tiveram ascensão quando interpretadas pelo grupo “Demônios da Garoa”. Com o sucesso da música “Trem das Onze”, aliás, com o lucro obtido comprou sua casa no bairro Cidade Ademar, zona sul de São Paulo. Hoje, a residência abriga uma escola. Uma característica de suas músicas é que na maioria das letras ele firmava o “falar errado” como jeito certo de legitimar suas canções. “Tiro ao Álvaro” foi uma de suas obras que ficou na mira da repressão devido à sua forma de cantar “errado”, visto que incomodava os censores do regime militar.

Busto Adoniran no bairro do Bixiga em São Paulo. Foto: Reprodução/Internet

O que não falta são saudações para o músico, como no bairro do Bixiga, região central de São Paulo, onde o artista, que era bastante boêmio e gostava de prosear, frequentava e era ponto de encontro com seus amigos. Por lá, tem uma rua que leva o seu nome. Ainda neste bairro ele casou na Igreja de Nossa Senhora Achiropita em 1936, com Olga Krum, sua primeira esposa. Tanta admiração era do músico pelo bairro que deu origem à “Saudosa Maloca”, seu primeiro sucesso. E na Praça Dom Orione foi construído um busto para homenagear o Poeta do Bixiga.

Em sua cidade natal, Valinhos interior paulista, também há uma escultura que venera o músico. A partir do dia 9 até 31 de agosto a Prefeitura de Valinhos promoverá uma mostra para os artistas que possuem vínculo com a cidade e que nasceram no mesmo mês, sendo o engenheiro-arquiteto Flávio de Carvalho (10 de agosto 1899) e o sambista Adoniran Barbosa (6 de agosto de 1912), no Paço Municipal. “Como prefeita me sinto muito feliz em participar desta comemoração a dois grandes artistas, que fazem parte da história da cidade”, afirmou a prefeita Capitã Lucimara Godoy.

Adoniran Barbosa no Viaduto do Chá em São Paulo. Foto: Reprodução/Internet

E para os interessados em revisitar a história do João, ou Adoniran pesquisem pelo filme “Adoniran: Meu nome é João Rubinato”, e o curta metragem “Adoniran Barbosa: Dá Licença de Contar” com participação especial de Paulo Miklos no papel do sambista, ambos trabalhos realizados pelo cineasta e curador Pedro Serrano; e o livro “Adoniran: Uma Biografia”, de Celso de Campos Jr. E quanto às suas músicas sejam cantadas por ele ou interpretadas por outros artistas são facilmente encontradas em diversos meios midiáticos.

Adoniran Barbosa faleceu aos 72 anos em São Paulo no dia 23 de novembro de 1982.

Fontes e redes sociais:


O Jornal de Valinhos

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Portal o Bixiga

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Prefeitura de Valinhos

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Revisão ortográfica: Bernadete Siqueira


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