Panorama da Música Brasileira do século XX

Milton Banana Trio e Nenê Trio

por Bernadete Siqueira

17.12.2020

Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX com os trios Milton Banana e Nenê Trio

Milton Banana Trio

Antonio de Souza, mais conhecido como Milton Banana, foi baterista e um dos principais da bossa nova.

Autodidata, aprendeu a tocar bateria sozinho e jovem começou a tocar na noite do Rio de Janeiro na década de 1950. Dada a sua habilidade, não foi difícil se enturmar com a turma da bossa nova.

Formou um trio musical de jazz brasileiro na década 1960 e era original por ser comandado por um baterista, algo incomum na época. Durante a carreira o trio teve várias formações diferentes.

Entre 1965 e 1979, Milton lançou nada menos que 13 álbuns autorais, sendo o total de sua discografia mais de 20 discos.

Apresentou-se ao lado de João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Morais e Os Cariocas e participou do Festival de Bossa Nova realizado no Carnegie Hall (New York, EUA).

O baterista acompanhou João Gilberto, porém desde que tocasse bem baixinho. Aos poucos, limitando-se a escovinha em cima do pano e a uma baqueta contra o aro da caixa, Banana conseguiu transpor para a bateria a mesma batida do violão.

Nenê Trio

Realcino Lima Filho, Nenê, nasceu em Porto Alegre. O músico autodidata é reconhecido como um dos maiores bateristas do Brasil. Toca piano e compõe desde os 20 anos. Começou a tirar seus primeiros sons de um pequeno pandeiro de plástico, depois passou a estudar acordeom. Por volta dos 15 anos de idade entrou para um grupo musical regional que tocava em bailes. Quando a banda de desfez, na partilha dos instrumentos Nenê ficou com a bateria e passou a estudar freneticamente. Após dois anos se mudou para São Paulo e formou um trio com um contrabaixista e um pianista.

O baterista Nenê acumulou em seu currículo participações em discos antológicos, gravou com Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, se apresentou em mais de 45 países, morou por 12 anos em Paris. É também autor de um livro completo de ritmos brasileiros para bateria, lançado na França. Compôs e apresentou a Ópera dos Quinhentos Anos, em comemoração à descoberta da América.

Desde 2001, junto com o contrabaixista Alberto Luccas e o pianista Irio Jr. forma o Nenê Trio, resultado de um encontro original, moderno e instrumentais inéditas, todas de sua autoria, sendo este seu décimo primeiro trabalho da discografia solo e o primeiro da atual formação do seu trio.


Trabalho elaborado pelo músico Chuim (Luiz Carlos de Siqueira), baterista, percussionista, professor, compositor, autor, produtor musical e estudioso da história da música brasileira.

Iniciou sua carreira como músico aos 15 anos e fez parte de vários conjuntos musicais. Estudou música erudita, gravou uma série de programas para Rádio Eldorado e TV Cultura.

Fez temporada nos Estados Unidos, França e Dinamarca. Foi professor na Unicamp-SP, na St. Paul Escola Britânica-SP e St. Francis International College-SP.

Atualmente desenvolve o projeto Samba-Jazz, atua no “Chuim Quarteto” e na “Orquestra Cadência Brasileira”.

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Chuim deixa seus agradecimentos a José Roberto Rocco que fez a edição musical e a Edgard Garcia do Estúdio E que cedeu gentilmente o estúdio para as gravações deste projeto.
Revisão: Maitê Ribeiro
Chuim na bateria