Os melhores anos de uma vida

Amor, perda e o que realmente importa no final?

Vera Bifulco

21.11.2021

Foto: Divulgação

Quais seriam os melhores anos de uma vida? Acredito que cada um dará uma resposta diferente, muitos associarão aos anos juvenis, com saúde, hormônios explodindo pelos poros, sonhos a serem realizados, e tantas outras coisas, mas ainda considero que essa resposta, quando autêntica, seja ímpar e singular, não haverá dois olhares para a mesma questão.

Este filme fecha a trilogia de "Um homem, uma mulher", de 1966 quando ganhou o Oscar, Cannes e Globo de Ouro; em 1986, "Um homem, uma mulher", 20 anos depois e fecha agora com "OS MELHORES ANOS DE UMA VIDA", interessante a troca do título depois de 50 anos.

Os jovens charmosos de 1966 reencontram-se agora idosos. Ela lucida, saudável, ativa, uma Anouk Aimée que mantem o brilho do olhar, a beleza madura sem ter perdido os traços que a colocam como uma diva aos 89 anos, sim 89 anos, eu mesma me surpreendi quando constatei a veracidade desta informação. Jean-Louis Trintignant, com quem o tempo não foi tão amigo, mas ainda mantem uma interpretação intensa, uma imagem cênica admirável, e o próprio diretor, Lelouch com 83 anos parece não ter perdido, muito pelo contrário a maestria na direção.

Como dito pelo próprio Lelouch, este filme feito por idosos e PARA IDOSOS, é pura nostalgia romântica.

Arrisco a dizer que esse filme só consegue ser entendido por velhos e explico, velho vive de lembranças, um passado que ninguém rouba deles, se orgulha de feitos vividos, de loucuras vivenciadas, de arroubos da juventude, de projetos realizados, se orgulha até de sofrimentos bem suportados e superados, se orgulha de seu passado, é uma construção de vida, independente dos ciclos, é sua, ninguém a tira. Mas nessa película vê-se uma felicidade singela, suave, harmônica, onde a tal frase, viver é lembrar, se faz sem culpas ou arrependimentos, mas com a serenidade que só a maturidade sabe alcançar. Os protagonistas guardam o que houve de melhor do amor e da juventude e são felizes em lembrar...

Recomendo fortemente que assistam, se for velho tanto melhor, se viveu um grande amor, ou dois ou três, se a vida lhe foi generosa, se construiu pontes, se ainda está vivo (o que é para poucos), você terá mais de uma razão para ficar “balançado” por esta experiência cinematografica. A vida pode ainda reservar gratas surpresas e só se permitir.

Amor, perda e o que realmente importa no final? Afinal, usando uma frase do próprio filme, com o tempo "tudo prescreve", o que sobra é a riqueza do amor vivido, felizes os que tem histórias para contar, deixam um legado sem se dar conta disso.

Disponivel no NOW

Assista o trailer:

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