Candelaria

por Vera Bifulco

29.05.2020

Ao assistirmos Candelaria, somos surpreendidos ao encontra uma história que nos parece familiar, com protagonistas carismáticos e uma lição sobre as tristezas e belezas da vida.

Acredito que cada espectador dessa belíssima película vai se identificar num aspecto do filme, que são muitos.

Um filme de pouca produção cinematográfica, sem efeitos especiais, o que engrandece mais ainda a atuação de seus protagonistas, que são os que realmente dão vida à vida vivida por eles dentro desta simples, mas gigantesca história.

Uma história de grandes apelos, que poderia passar desapercebida para olhares distraídos, mas que ganha força, principalmente quando quem assiste é um velho, uma velha, alguém que se identifica com o mundo onde as transformações são mais acentuadas e assustam, pois sabemos que não há retorno. O velho tem mais passado que futuro, e suas lembranças, que constituem sua história pregressa, são sua maior riqueza. Felizes os que têm história para contar.

O velho passa por um período de crise de identidade como ocorre na adolescência, a diferença entre as fases é que o adolescente vive uma transição e não um declínio.

Imagine então esse declínio num país onde o governo é opressor, onde sua população vive sob racionamento de comida e energia elétrica e onde os valores culturais são renegados e onde a pobreza quase que obriga a que todos virem “malandros”, oportunistas de pequenos roubos para sobreviver. Onde os valores materiais perdem total significância para dar valor à sobrevivência.

O que sobra quando quase tudo falta?

Essa é a grande pergunta, a herança que esse filme deixa como reflexão para todos nós.

Não vou dar o spoiler para não perder a graça dos que irão se arriscar a desnudar esse grande espetáculo.

Para os estudiosos do envelhecimento é um “prato cheio”.

Para os que levantam a bandeira do verdadeiro amor, aquele alimento que nutre nossas entranhas, pelo qual se vive e se morre, esse filme também é um “prato cheio”.

Para os que amam a arte e sabem que, muitas vezes, em todas as circunstâncias é ela que nos salva, temos aqui também um “prato cheio”.

Convido a todos para se fartar e se comover e se identificar com esse belo filme, que não tem os algoritmos para levar o navegador desatento a encontrá-lo entre os mais populares na Netflix, os tesouros estão sempre bem escondidos, vale a busca.

Assista o trailer:

Ficha Técnica:

Candelaria, 2018, 1h30.

Lançamento: 23 de agosto de 2018 (Colômbia)

Língua: castelhana

Direção: Jhonny Hendrix Hinestroza

Protagonistas: Verônica Lynn e Alden Hugo

Netflix



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Revisado por Maitê Ribeiro